terça-feira, 19 de julho de 2011

Vulto

O silêncio irrompe o sonho,
como uma sombra covarde de vulto escarlate
e eu me permito um breve fechar de olhos, enquanto profiro sentimentos indóceis contra o vento.
A cólera salta o peito flamejante em lágrimas,
e eu esqueço daquilo que já se diluiu em minha alma,
e que hoje se envolve em detritos e calafrios...
tardios como o sol dos que se entregam à escuridão da noite.
Deixo que meus braços se encontrem com o grande nada à minha frente,
que meus pés pisem os azulejos gastos pela maresia,
e que as horas se encarreguem de consumir meu destino.
Deixo tudo aquilo que tenho que deixar,
e, ainda assim,
me sobram sentimentos supérfluos.


por Guilherme.

Música: Bob Dylan - Idiot Wind