quinta-feira, 18 de outubro de 2012

Mundo


Uma vez eu vivi num mundo
onde era caro viver
e me entristecia no fundo
aquilo que só os que têm alma podem ver
vi num segundo silenciar o choro de uma criança
chorei quando me cortei na fina navalha
da vã esperança
Uma vez eu vivi num mundo
onde era escuro viver
sangrei minhas mãos por gente
que sob a pele, não existia um ser
ouvi do outro lado do mundo
o grasnar de um corvo
que mesmo cego e imundo
se alimentava das entranhas do povo
Uma vez eu vivi num mundo
onde era estranho viver
lá jazem o riso e a paz
mas os senadores e deputados
nele habitam por demais
Uma vez eu vivi num mundo
onde não havia escolha, que não morrer
pois o torpor havia dominado
aqueles que acham que a mãe devia ir, para o filho não perecer
Uma vez eu morri num mundo
onde era melhor não viver.
E eu vejo que assim...
entre aquilo que do sonho adveio
e isto que mora em mim
não resta o começo e nem o meio, apenas um fim.
Nesta realidade pueril que criei,
onde tocam sinos e anjos vertem lágrimas de sal
uma vez me lancei
destemido, menino, que tal qual
uma vez eu fui e para sempre serei.