terça-feira, 19 de março de 2013

Do outro lado

o alívio que causa o desprendimento da alma
a transpiração dos princípios fúteis
queria levar uma vida moralmente frugal,
apenas por um dia.
Dilacerar a noção de espaço em invisíveis universos
absorver em ínfimas porções de oxigênio
somente o necessário ao suspiro de alívio
e correr, correr nos infinitos campos e vales
de um país que eu nunca conheci,
despido dos olhares perscrutadores
dos homens mesquinhos
que hoje me arranham a pele.

quarta-feira, 13 de março de 2013

O homem comum

no claustofróbico cômodo
o tapete empoeirado
e sobre a mesa o pão embolorado
rezam a prece fúnebre do cidadão
homem malsão,
de músculos retesados
e face queimada pelos poucos,
ainda que poucos,
feixes de sol a adentrar o cômodo.
Claustrofóbico.
Onde a alma do cidadão sobrevive da antropofagia do cotidiano.



sexta-feira, 1 de março de 2013

Dia que segue

me desapego desse consolo
sou atordoado a visão do vento
fluido e ligeiramente tépido
uma das melhores futilidades da vida:
nunca perder de vista
as sutilidades do dia.