sexta-feira, 6 de setembro de 2013

My heart leaps up when I behold
A rainbow in the sky:
So was it when my life began;
So is it now I am a man;
So be it when I shall grow old,
Or let me die!
The Child is father of the Man;
I could wish my days to be
Bound each to each by natural piety. (William Wordsworth)

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Meu coração bate mais forte ao ver
O arco-íris no céu sugir:
Assim foi no início de minha vida,
Assim é, metade dela corrida,
Assim seja quando envelhecer,
Se não a morte irei preferir!
O Menino é o pai do Homem;
Queria que meus dias fossem, afinal,
unidos um a um pela piedade natural. (Tradução: Alberto Marsicano)

quarta-feira, 4 de setembro de 2013

Minha liturgia

sob o jugo de Deus,
a mim só me resta a angústia.
de dia sou cristão,
mas a noite quando até o véu em si escurece
a ninguém engano: quem me olha, me diz pagão.
me apego ao terço, livro e à Santa
não sou eu de maldar, maldizer ou amaldiçoar
apenas rogo, no silêncio entre meus botões,
que sobre mim não recaia
 a ira dos que não me veem rezar.
aquele que me lê, julgando meu verso por ironia,
a si mesmo desafia: vê só este! mal lá conhece a liturgia!
mas dentro de mim mora este ser:
que, resoluto e em silêncio,
apenas crê.

terça-feira, 3 de setembro de 2013

as eras que passam,
mas são os minutos que corroem.
o infindável ruído do relógio pendurado à parede amarelada
a mim me parece como o sol que derrete em gotas inflamáveis
os segundos do dia
esparramados na mesa de jantar.
e eu, criatura estática
prostrado diante do caos silencioso que impera,
receio o embate contra o Tempo.
sou um desertor.
alheio-me desse corpo para me apossar da minha alma
tênue e opaca, a vagar por alguma cidade fantasma
tal qual o dono...