domingo, 23 de agosto de 2009

O grande homem atravessa o portão branco. Apesar das longas pernas que a altura lhe confere, ele tem os passos curtos. Anda numa lentidão melancólica, uma névoa de pesar afunda seus ombros. Ele tira os óculos escuros e os olhos verdes da cor de musgo mais pareciam um pântano, onde o "Gigante" deixou-se naufragar. "A benção, pai", um beijo na testa do velho. E parece que seu pai o compreende, embora finja não compreender. O velho viu que seu filho sangra, e o sentimento de incapacidade talvez justifique seu fingimento. O Gigante caminhou em minha direção e eu fiquei na ponta dos pés para alcançar-lhe o rosto. E ali eu pude sentir a sua tristeza, pois ela era proporcional ao seu tamanho. Nada perguntei a ele, nem a ninguém, e nem um comentário fui capaz de fazer. Senti-me um pequeno covarde diante da tristeza do grande homem. Deus, como dói ver quem se ama sofrer...!

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