quinta-feira, 9 de setembro de 2010

enquanto isso, eu me vejo aqui deitado
com meu olhar de mártir
fixado em astros de vidro que se sustentam no ar
eu, que outrora os via com uma intensidade infantil
de quem julga eterno tudo aquilo que não compreende.
eu que já me vi encrostado pela dor excruciante
das horas de distração,
violentamente roubados da minha alma
por aqueles de ideias cínicas e sentimentos furtivos
que se alimentam de minha melancolia de menino-adolescente,
que se avizinham da minha pequena casa no campo,
onde nasci envolto pelo fogo e pela noite
onde aquece em mim toda a solidão
do homem que já nasce presciente do seu destino
de viver confinado em um corpo de mártir
daquilo que só ele pode sentir.

Nenhum comentário:

Postar um comentário