segunda-feira, 16 de fevereiro de 2009

Há um perigo imediato.
Um sentimento que urge, ruge, implora meu olhar desatento.
Há um coro de vozes clamando a minha passagem
e um véu invisível me separando de tudo que quero tocar.
Há um telefone histérico que não me deixa dormir
e uma canção que eu não pedi pra escutar.
Há um relógio no horário de verão e eu, mendigo, nem imagino em que estação.
Há um crime a ser investigado e eu sou o principal suspeito.
Há um amigo com um punhal atravessando um caminho estreito.
Há um vulto acampando em meu quarto
e embaixo dos livros nenhum álbum de retratos.
Há um parente apaixonado que mora perto
e um odor sutil de incesto.
Há hipocrisia, um sorriso e há cinismo...
Há um órfão morando em um abismo.
Há um baú de tesouros com um vilão sentado em cima.
Há um herói em um quarto usando heroína.
Há uma flecha fincada no alvo.
E tem o hippie que um dia já foi calvo.
Há uma enorme controvérsia!
E um tapa de fumaça, nada que exija pressa.
Há um "acorde solto no ar", uma mulher de top less.
Sem sol, sem pudor e sem mar.
Há um justiceiro em crise existencial
e um homem que não samba... um corno em potencial.
Há um desastre da natureza, uma erosão, uma tempestade...
Inventaram o niilismo e nenhuma verdade.
Há uma mulher e seu captor.
Há Síndrome de Estocolmo e um drástico amor.
Há um rei, uma rainha e um plebeu.
Há um cidadão exigindo o que é seu.
Há um cético, uma mulher e um Édipo.
Há longas jornadas, honras, méritos...
Há uma impúbere deitada com a mão no sexo.
Há outra mulher que sussurra arrependida: "eu não presto, eu não presto...".
Há um político no limite da loucura.
Para eles: eutanásia, whisky e a cura.
Há ventos, sonhos e um albatroz.

Há um homem a ler o Poeta... A poesia é seu algoz.


por Guilherme.

Um comentário:

  1. muito bom, meu amigo. A Poesia revela o que nossa alma almeja gritar!

    Saiba também que há tempos um Conde Drácula sem condado, ronda as periferias do abismo intocável do Poeta.
    Ele tenta sugar as vírgulas, os vícios e os perdigotos.
    Ele finge dormir enquanto finca seus dentes em poemas e versos soltos.
    Ele sussurra palavras ao tentar o suborno em nossos poemas noturnos.
    Escreva, escreva, escreva!
    Tenhamos pena desse pobre gatuno.

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