segunda-feira, 9 de março de 2009

"Seguramente não sou eu:
É a tarde, talvez, assim parada
Me impedindo de pensar.
Ah, meu amigo
Quisera poder dizer-te tudo; no entanto
Preciso desprender-me de toda lembrança; de algum lugar
Uma mulher me vê viver, que me chama
Devo segui-la, porque tal é o meu destino.
Seguirei todas as mulheres em meu caminho, de tal forma
Que ela seja, em sua rota, uma dispersão de pegadas
Para o alto, e não me reste de tudo, ao fim
Senão o sentimento desta missão e o consolo de saber
Que fui amante, e que entre a mulher e eu alguma coisa existe
Maior que o amor e a carne, um secreto acordo, uma promessa
De socorro, de compreensão e fidelidade para a vida."

Vinícius de Moraes - Elegia ao Primeiro Amigo

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